25.4.12

[Resenha] O grilo da lareira - Charles Dickens

Como eu havia comentado na semana passada, eu separei O grilo da lareira de Charles Dickens para escrever um pouquinho sobre.
Há alguns motivos especiais para falar do livro. Eu gosto de Dickens, pensar no Dickens me lembra de Portsmouth (sua cidade natal) e o tempo que passei na Inglaterra e porque esse livro é quase uma auto-ajuda. Ou melhor, lê-lo é uma auto-ajuda.

Eu e Dickens no Madame Tussauds Museum (London)

Eu ganhei esse livro de formatura (ou melhor, eu ganhei um vale e escolhi um livro que pudesse lembrar da pessoa que me presenteou com carinho) e só li em janeiro desse ano.

A chaleira começa a apitar e em seguida o grilo começou a cantar na casa da senhora Peerybingle. O senhor Peerybingle volta para casa, para sua Tiquinho e seu bebê. Junto traz um visitante inesperado, um visitante que parece vir para mudar a paz dessa família através das insinuações de Tackleton - o fabricante de brinquedos. 
Tackleton está para se casar com uma jovem, amiga de Tiquinho. O que não sabe é que faz pulsar mais forte o coração da pobre Berta. A ceguinha criada por Caleb Plummer num casebre prestes a ser soprado pelo vento, mas que Berta acredita ser um local deslumbrante. Mesmo local onde ela e seu pai fabricam brinquedos para Tackleton.

Dickens parece um velho avô nos contando uma história antes de dormir. Ele escreve como esse velho avô falaria de situações duras do mundo, mas com voz doce e nos fazendo refletir de um modo sutil, mas profundo.
Essa é a sensação que eu tenho ao ler esse livro, por exemplo.
Temos uma família feliz, onde Tiquinho se casa com João Peerybingle, um homem mais velho e muito simples. Um casamento que parece irradiar felicidade, uma felicidade sem sombras.
Um coração mais duro consegue trazer a sombra da incerteza e do ciúme para a casa de João Peerybingle.
O mesmo coração duro que pretende se casar com May, a jovem amiga de Tiquinho, e possuir a mesma felicidade que João emana todos os dias. O mesmo coração duro que arrebata toda ternura e gratidão de Berta Plummer, a moça cega que vive uma fantasia criada pelo pai para "protegê-la".
Pobre Caleb nem se dá conta do mal que provoca todos os dias ao fingir possuir uma linda casa, ao aceitar as ofensas e grosseria de Tackleton como brincadeiras. Berta não poderia encontrar no senhor Tackleton homem mais merecedor de seu amor.

É nesse clima, de um drama profundo e doloroso que se passa a história. Com o jeito engraçado de Tilly e suas trapalhadas que nos fazem ter dúvidas se não matará o bebê Peerybingle para amenizar. Mas também com toda a candura de Dickens ao nos relatar os acontecimentos. Aquele jeito do avô que mencionei, que não esconde nada, porém faz o assunto chegar suavemente. Vemos a nós mesmos compartilhando a dor e as dúvidas de João.

Há porém o grilo que canta na lareira. O grilo que em diferentes momentos invade a história com seu canto e mexendo com os pensamentos dos personagens.

"Um grilo na lareira é a maior felicidade deste mundo!"



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