26.12.12

[Resenha] As vantagens de ser invisível



Eu conheci o livro por causa do filme. E embora eu pudesse ter lido antes de ir ao cinema, não foi assim que aconteceu, e não me arrependo.
Fiquei encantada com a história, e a versão cinematográfica me deixou mais ansiosa pelas páginas.
Confesso que a Sam do cinema me cativou muito mais que a do livro (não é uma crítica ao livro, mas um elogio ao roteirista), provavelmente pelo destaque que quiseram dar a Emma Watson, a personagem ganhou ainda mais destaque (embora seja parte fundamental da história) e com isso conseguimos na tela nos aproximar ainda mais dela e de sua história. Alguns pontos fortes do filme não chamam tanta atenção no livro.
Outro fato que para mim foi melhor na telona: a relação fraternal da família. Os irmãos de Charlie parecem muito unidos, mesmo que com suas diferenças e individualidades. No livro isso funciona um pouco diferente.

Cessadas as comparações (que são inevitáveis), vamos a mais um livro que ganhou me coração.

"(...)Às vezes eu leio um livro e acho que sou a pessoa do livro." 
p. 38

O livro é uma coletânea de cartas de Charlie a um amigo, que não exatamente um amigo, mas alguém que ele conhece e para quem não quer se identificar.
Charlie é um menino diferente, percebemos desde o início. Recentemente seu melhor amigo se suicidou e ele tem problemas para se socializar.
Através das cartas passamos a conhecer seu cotidiano, como seu professor de inglês o incentiva com trabalhos extras emprestando-lhe grandes obras (sim Carissinha, muitas obras!), como ele conhece Sam e Patrick (e se torna amigo dos irmãos), como ele vai amadurecendo e nos mostrando um pouco mais de sua história no decorrer das páginas.
A escrita é leve, de um adolescente. Isso torna o livro gostoso já que trata de uma fase bem difícil. Vemos problemas sendo trazidos não apenas com relação ao protagonistas, mas relacionados às pessoas ao seu redor: a irmã que apanha do namorado e passa a respeitá-lo, a menina bonita e inteligente que foi tocada pelo amigo do pai quando criança...

O que é realmente especial nesse livro é seu protagonista. Charlie é um menino sem noção (Camila do Leitura compulsiva chama diferente, e acredita ser um dos motivos por não ter gostado tanto do livro). Lembram de quando eu falei que me irritava com Brian e Resposta certa por ser sem-noção? Aqui é diferente, porque compreendemos desde o início um pouco da razão, e no decorrer das páginas vamos aprofundando a razão de ser tão difícil para ele se ajustar ao mundo. (a Fanny do Restaurante no fim do universo pensa o mesmo)

Não pense que por não ser popular há pouca 'atividade' no primeiro ano do Ensino Médio dele. Vemos ele oscilar por diversas experiências comuns a maioria dos adolescentes, inclusive se apaixonar. Mas esse não é uma história de romance.

Minha grande crítica é às últimas páginas. Temos um desenrolar da história que para mim é extremamente significativo e pouco explorado, como se autor quase temesse de remexer ali. Entretanto é um dos pontos altos, que justificam muito e sem serem explorados dá a sensação de 'auto-explicação' determinista: Charlie é assim porque isso lhe aconteceu.

Recomendo imensamente, é um daqueles livros que vou ler, reler, treler, ler, ler, ler por toda uma vida porque emociona, toca, nos faz refletir, relembrar.
Aliás, o livro é lotado de frases incríveis que eu fiquei cansada de parar para anotar (quase um poeta diz Barbara do bookeando). Seguem algumas:


"Então, esta é minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim."
p. 12

"(...) naquela noite tive um sonho estranho. Foi com a Sam. E nós dois estávamos nus. (...) Eu nunca tinha sentido algo tão bom na minha vida. Mas eu também me senti mal, porque vi Sam nua sem a permissão dela. (...) Seria muito legal ter um amigo novamente"
p.31

"Nem todo mundo tem uma história triste, Charlie, e mesmo que tivesse, isso não é desculpa."
 p.38

"- Ele é invisível. (...) - Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas. E você compreende."
p.48

"(...) Tem uma foto de Sam que é simplesmente linda. Seria impossível descrever como é bonita, mas vou tentar. Se você ouvir a canção "Asleep" e pensar naqueles lindos dias de chuva que fazem você se lembrar das coisas, e você pensar nos mais belos olhos que já viu, e você chorar, e a pessoa abraçar você, então eu acho que você vai ver a fotografia."
p. 58

"Não sei se você já se sentiu assim, querendo dormir por mil anos. Ou se sentiu que não existe. Ou que não tem consciência de que existe. Ou algo parecido."
 p.103

"Quando estava indo para casa, só conseguia pensar na palavra "especial". (...) Foi muito bom ter ouvido isso novamente. Porque eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes. E eu acho que todo mundo é especial à sua maneira. É o que eu penso."
 p. 192

 Eu simplesmente adorei (e traduziu muito do meu sentimento) a postagem do Yago no Viagem literária sobre filme e livro. Confiram!

Um comentário:

  1. Oi Lili,
    Eu realmente fiquei incomodada com o Charlie e isso foi uma pena!
    Acho que o livro tinha tudo para ser ótimo, mas não consegui me apegar ao personagem e aí tudo desandou!
    beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

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