4.1.13

Um curioso estranho e o papo de salão

Essa última quarta-feira, início de ano, estava indo trabalhar e me surpreendi com uma visão. Cheguei a e perguntar se não estava sonhando.
Eis que na segunda-feira quando estava indo para Santo Antônio me preparar para a ceia de ano novo, parada no trânsito olho para o terreno próximo do terminal de ônibus e vejo um senhor sentado em alguns entulhos gesticulando.
Primeiro pensei num mendigo. Bêbado, com toda a certeza. Considerei os pensamentos de ligar para a polícia ir dar uma olhada nele. E aí, os movimentos dele me lembraram Tai-chi-chuan, me fazendo considerar a ideia de que talvez ele estivesse realizando algum tipo de celebração. 
Sei que a ideia me contagiou até chegar ao meu destino. E voltou a me contagiar quando vi o mesmo homem na quarta-feira, no mesmo local como um deja-vu.

O que será que aquele homem fazia lá? Com quem ele gesticulava? Por quê?

Saí de lá me perguntando sobre o tipo de coisas que fazemos sem considerar a influência de nossos atos sobre a vida das outras pessoas.
E não estou querendo falar sobre grandes impactos mundias: o seu consumo de água prejudicando a água de todo mundo, o seu carro poluindo e criando trânsito.
Estou me referindo a pequenos gestos como sorrir para um estranho que passa na rua, ajudar alguém com as sacolas de compras, encarar alguém desconhecido com lágrimas nos olhos.
Nunca se sentiu diferente depois de um momento desses? Em que um único gesto parece mudar o sentido do seu dia? O seu humor?

Pois é, fiquei imaginando como eu poderia me abrir mais para os pequenos sinais, e ao mesmo tempo proporcionar bons pequenos sinais para os outros.

Eis que hoje passo num salão diferente para fazer a sobrancelha e saio de lá inconformada, num sentimento totalmente diferente do que o senhor dos gestos estranhos gerou em mim no decorrer da semana.
Fui 'pescando' o assunto aos poucos. Era sobre a cirurgia de lipoaspiração que uma das moças ia realizar. E embora eu não seja a pessoa mais adepta de cirurgias estéticas (em especial lipoaspirações) não julguei, até a outra moça realmente bagunçar com meu cérebro.
Ela começou a contar como seria ótimo, como a outra adoraria, como era maravilhoso fazer uma lipo no papo, que iria fazer uma esse ano e colocar silicone nas nádegas, e que na primeira lipo que ela fez ela se recuperou tão rápido que não compreendeu como alguém poderia sentir tanta dor. Que eram frescas as que sentiam dor.

Juro que procurei fazer as contas de olhos fechados a quantas cirurgias ela já havia se submetido e me perdi.
Quando abri os olhos e me levantei para pagar a conta percebi que ela deveria ter cerca de quarenta anos, sinceramente, era muito feia. Sem preconceitos. E feia porque era extremamente artificial, como a Vera Fischer (mas menos produzida). Pareceu-me que usava lentes de contato colorida (e veja bem, eu já usei lentes de contato colorida) e que poderia parecer mais jovem se não houvesse tanto apelo para  parecer 'jovem e bonita'.
E eu fiquei me perguntando enquanto almoçava: Como pode alguém estranho nos fazer tanto bem com um simples olhar ou com um gesto que nem sabe que vimos, enquanto podemos fazer tanto mal a nós mesmos sem nos darmos conta?

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