Lili escreve: [Resenha] Garotas geladas, de vidro. Garotas quebrando

Título: Garotas de vidro
Título original: Wintergirls
Autor(a): Laurie Halse Anderson
País: Estados Unidos
Ano publicação original: 2009
Editora: Novo Conceito
Páginas: 271

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(4/5)

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Obrigada, Larissa, obrigada, obrigada, obrigada!
Foi um presentão de aniversário, e estavas ansiosa que eu lesse. Bom, eu li e achei incrível!
O mais que eu tenho para falar, está abaixo. Além de que eu consegui cumprir mais um item do Desafio realmente desafiante:

4. Ler um livro que o autor tenha a mesma inicial que a sua.

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Breve sinopse

Lia acredita que não é boa em nada. Apenas em não comer. Já esteve ~~internada~~ no inferno duas vezes, agora acredita que já sabe como lidar com as pessoas e fazê-las acreditar que está comendo. Que está colocando toda aquela gordura nojenta ~~e deliciosa~~ para dentro de si.

Emma, sua meia irmã, é a única coisa na sua vida atual com a qual ela demonstra alguma satisfação. Mesmo quando ela está cheirando a Blueberryqualquercoisa (150). Só que nem mesmo essa criança consegue amenizar todos os seus problemas que se intensificam com a morte da sua ex-melhor amiga. Cassie está em todo lugar lhe lembrando quão gorda ela está.

Sinopse Skoob

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Não sei se posso chamar de resenha o que farei agora. Acho que é mais como uma impressão. Um suspiro dos meus pulmões que segue pros meus dedos.

Sim, é assim mesmo que eu me senti ao ler e terminar este livro, livro que eu desejei pelo título e capa sem ao menos conhecer a história. Que me deixou ainda mais intrigada quando conheci o assunto. Que me deu vontade de aplaudir quando terminei a leitura.

Falar dos problemas nunca é fácil. Escrever sobre um grande problema é ainda mais delicado e difícil. Principalmente quando o problema não é restringido à você mesmo. É um problema social.

Sim, há muito tempo os distúrbios alimentares se tornaram um problema social.

Somos bombardeados com informações sobre um ritmo de vida intenso, com alimentação em velocidades da luz, cheia de sabores e reposições artificiais (mas, claro, o Luciano Hulk disse que eu não preciso comer minhas porções diárias de frutas e verduras porque é muito difícil. basta ingerir vitaminas sintéticas), de corpos que desfilam e não vivem, mulheres que dizem perder quilos apenas fazendo Muay thai (mas sussurram que passaram fome por um mês), homens com tanquinhos de pedra em todos os canais e aqueles pacotinhos brilhantes nas prateleiras do mercado.

Alguns se afundam na comida, outros se desesperam ao vê-la.

Com a escrita de Laurie Halse Anderson eu consegui me sentir mais dentro da cabeça de alguém com anorexia e com alguns dos problemas que podem levar alguém a essa situação. A auto-flagelação, a falta de amor-próprio, a luta interna e o ódio por um corpo que você não sabe nem mais se te pertence.

Triste, duro cruel.

Foi um pouco como ler as ironias de Brás Cubas, com seus silêncios escritos, seus desdizeres. Os pensamentos censurados e tarjados da jovem Lia nos mostravam seu conflito que não conseguia ser visto pelas pessoas a sua volta.

Você tem vontade de bater forte no rosto dela e chamá-la para a vida: escute seu corpo! Ele está te suplicando!

E em seguida você quer abraçá-la e confortá-la, tratá-la como uma criança que não consegue perceber o mal que se faz. Mas a Lia, sabe, ela só tenta apagar os pensamentos. Ela lhe diz claramente que ela não consegue conter o cálculo mental das calorias. Ela delira, e lhe apresenta a garota ao lado pelo seu IMC. Você já não sabe se ela quer ser magra ou se deseja apenas se punir.

Tudo isso intensificado pela morte da sua ex(ou não) melhor amiga. Que lhe ligou 33 vezes antes de morrer. E Lia não atendeu.

Conseguem perceber a loucura das emoções em jogo? Misturadas com pais divorciados que continuam gritando um com outro, com uma madrasta que te trata bem e evita a todo custo sua mãe, mãe que corre o tempo todo para salvar o coração dos outros e tem dificuldades para salvar o coração da filha, e uma irmãzinha tão doce que faz você ver toda a beleza do mundo.

Acho que só assim eu posso falar desse livro.

Não há resumos.

Não há excesso de palavras sobre a escrita da autora.

Talvez não haja autora e seja, realmente, apenas a mente da Lia envolvendo nossos pensamentos e emoções.

É a história de muitas garotas que permitem que seus corpos e suas almas se tornem frágeis como vidro, tão geladas pela falta de gordura no corpo que tem dificuldade em se aquecer com o amor.

Você pode detestar o livro. Embora, seja necessário que o leia.