10.4.13

[Resenha] A mulher do viajante no tempo




Título: A mulher do viajante no tempo
Título original: The Time Traveler's Wife
Autor(a):  Audrey Niffernegger (site)
País: Estados Unidos
Ano publicação original: 2003
Editora: Ponto De Leitura, Suma das letras, Objetiva
Páginas: 654




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(5/5)

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Acredito que uma das coisas que mais nos fascinam seja a capacidade de viajar no tempo. Existem milhares de histórias sobre essa capacidade, mas sinceramente, até hoje não vi nenhum que explorasse o assunto dessa forma. Principalmente de um modo que não seja centrado nesse milagre louco, mas no resultado que esse milagre gerou na vida de duas pessoas, no resultado de um amor.
Mais um livro para a lista dos favoritos e que cumpre um item do  Desafio realmente desafiante:

9. Ler um livro cujo título tenha mais de 5 palavras  

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Breve sinopse

Henry foi um garoto normal. Até os seus 5 anos. Uma alteração genética permite que ele viaje no tempo, algo que pode ser uma dádiva, um castigo ou, simplesmente, um gigantesco problema. Ele não é capaz de controlar quando irá viajar, por quanto tempo ou para que tempo e lugar irá. E não consegue levar consigo sequer suas roupas.
Sua vida conturbada com esses raptos temporais o levam a conhecer Clare e participar da infância daquela que será sua futura esposa, a qual terá que conviver com suas ausências, as lacunas do passado de Henry e a espera pelo futuro que um ou outro conhece.
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Um momento de clareza. Não entendi, e aí, de repente, entendi. Vejo a coisa acontecer. Quero ser nós dois ao mesmo tempo. tenho de novo a sensação de perder os limites do meu eu, de ver a mistura do futuro e do presente pela primeira vez. Mas estou muito acostumado com isso, então fico de fora, lembrando a maravilha de ter nove anos e de repente ver e saber que meu amigo, meu guia, meu irmão era eu. Eu, só eu. A solidão da situação.
p.77

Tenho medo de falar desse livro. Como eu tenho medo de falar de todos aqueles livros que me tocam tão profundamente que eu sinto uma vontade desesperada de morrer após a leitura. Minha infelicidade é tão grande porque eu sei que minha vida parece sem sentido após ter experienciado aquilo.
Quero mudar os rumos da história (e ao mesmo tempo não quero). Quero, como o próprio Henry em uma das passagens do livro (página 52) entrar ali e dormir, naquele livro precioso que amei.

Audrey Niffenegger é artista plástica, como Clare, a nossa protagonista. Ainda bem que ela pode se consagrar uma artista também com as palavras, fazendo com que até os erros de revisão pudessem ser ignorados com facilidade diante da beleza das palavras que revelavam essa história fantástica.

O livro é dividido em três partes, cada parte recheada com muitos capítulos e estes também subdivididos pelas passagens de tempo.
Essas são extremamente importantes. E eu me pegava tendo que retornar ao início do trecho para compreender melhor o tempo porque eu acabava vivendo como Henry, tão fundo nos acontecimentos que precisava perguntar em que dia e ano estávamos.
Essas partes possuem a data, às vezes a hora também, identificada. Juntamente temos a idade do personagem, seja Clare ou Henry, porque nessa confusão de tempos temos num mesmo dia um Henry de 9 e um de 27 anos.
As narrativas também se alternam, sendo sempre iniciadas pelo nome de Clare ou de Henry. Por vezes, conhecemos um episódio pelo ângulo de um apenas, em outro as narrativas se completam nos dando um panorama maior.
Há capítulos em que podemos vivenciar um pouco de cada um deles, independente do outro.

Parece loucura, que numa confusão de tempos e relatos, consigamos nos achar para entender o rumo da história e do amor desse casal.
Talvez seja. Talvez não.

Há momentos que eles são simplesmente um casal como outro qualquer, com as dificuldades do conhecimento e das diferenças, tentando se encontrar e se conhecer, procurando superar a vida e suas barreiras juntos, buscando satisfazer o outro. Você já leu sobre algo assim, talvez até já tenha vivenciado.
Só que há o algo a mais. Porque viver com Henry não é fácil, embora Clare tenha ansiado por toda sua juventude poder estar sempre ao seu lado, ela descobre que nem então é possível. Quando menos se espera, ela está só, preocupada como uma mãe que aguarda o filho de uma noitada.


- Você sente falta dele alguma vez? - ela me pergunta  
- Todos os dias. A cada minuto. 
- A cada minuto. - ela diz. - O amor é assim, não é?
p. 165

(...)Quando eu era criança, eu não via a hora de estar com Henry. Cada visita era um acontecimento. Agora, cada ausência é um não acontecimento, uma subtração, uma aventura sobre a qual vou ouvir quando meu aventureiro se materializar aos meus pés, sangrando ou assobiando, sorrindo ou tremendo. Agora tenho medo quando ele some.
p. 353

(...)E quando jovem, eu não compreendia, mas agora sei como a ausência pode ser presente como um nervo danificado, como um pássaro preto. (...)
p. 634

Essa é uma história da qual falar é complicadíssimo, é preciso conhecer, experimentar, se deixar envolver. É como amar.

Gosto também das referências de época que ela nos traz, super bem fundamentadas. Bem como a parte médica sobre a condição de Henry, a autora procurou criar uma ficção bem embasada. Embora, ele seja simplesmente um excelente romance.

Eu acredito que esse livro não seja uma sugestão. Seja uma obrigação, intimação. Você deve ler. E se permitir confundir-se e emocionar-se com as loucuras do tempo.
Permitir-se perceber no decorrer das páginas como os buracos se enchem, as peças se completam. Como os fragmentos de uma vida de passado e futuro, nos moldam no presente. Sejamos viajantes como Henry ou não. Sejamos capazes de alterar o passado ou simplesmente frutos das nossas escolhas.


(...) As coisas parecem simples até pensarmos nelas. Por que a ausência intensifica o amor? 
p.9

Observação: embora alguns adoradores do livro não tenham gostado muito da sua adaptação em filme, Te amarei para sempre, eu mantenho a opinião de que a essência se preservou e que é um ótimo filme.

 A Nanda do Viagem literária retrata bem a dor da Clare de sempre esperar e o porto seguro que ela representa na vida de Henry; a Kamilla também fez um resenha excelente no Livros e Fuxicos; a Luara do Estante vertical também adorou o livro, embora (eu discordo) ache que algumas descrições eram exageradas e a faziam se perder no enredo.

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