13.4.13

[Resenha] O livro de Julieta




Título: O livro de Julieta
Título original: El libro de Julieta
Autor(a):  Cristina Sanchéz-Andrade
País: Espanha
Ano publicação original: 2010
Editora: Paralela
Páginas: 149




Quer comprar? Compare os preços aqui!

(4/5)

----------------------------------------------------------------------------------------------

Se me disserem que uma das primeiras coisas que irá te atrair no livro é a capa. Tenho que afirmar que realmente ela é linda. Talvez a capa mais bonita, e apropriada. Ela é em tons de rosa, com espelhinhos, os arabescos são em relevo. Parece o caderno/diário de uma menina. Encapado com todo carinho pela mãe.
Descobri esse livro quando fui à Saraiva comprar um presente de aniversário para a Raquel. Fiquei namorando e considerei presenteá-la com ele. Fiquei com receio e comprei outro. Mas finalmente pude eu mesma ter o livro que conta a história de Cristina e Julieta.

---------------------------------------------------------------------------------------------- 
Breve sinopse

Cristina estava no seu terceiro parto e a reação da médica ao nascimento da menina é diferente do que ela esperava. A neném tem síndrome de Down. Um desespero, medo, confusão. Tudo cerca Cristina. E neste livro ela procura nos contar um pouco como é a vida de Julieta e a sua, sem poupar as alegrias, o amor e também os maus pensamentos que afligem.
----------------------------------------------------------------------------------------------

É muito complicado definir a dor; despojá-la de preconceitos e classificações espinhosas. Seria ausência? Negação? Raiva? Acho que a dor, assim como o medo, tem mil maneiras de se apresentar no mundo. Quando Julieta nasceu e nos disseram que tinha síndrome de Down, minha dor veio em forma de nsotalgia. Uma doce nostalgia das entranhas, da minha filha. Onde estaria a menina que eu imaginara durante toda minha gravidez?
p.9

Há muitas maneiras de um livro de conquistar. O livro de Julieta vem com uma escrita leve, tranquila, em crônicas. Seu conteúdo é por vezes leve, em outros momentos não.
A autora, a jornalista espanhola Cristina Sanchéz-Andrade, nos conta da chegada do seu terceiro filho que inesperadamente na sala de parto é diagnosticado com síndrome de Down.

Em abril de 2003, ao saber do nascimento da minha filha, uma amiga me levou um lindo presente: Romeu e Julieta, de Shakespeare. Folheando o livro encontrei o famoso verso nominalista que inspirou Umberto Eco na escolha do título O nome da rosa.(...)
Acho que a mesma coisa pode acontecer com um filho que pode ser diagnosticado com Síndrome de Down. No princípio, abre-se um abismo entre os pais e ele, começar a amar é muito complicado... E não ser capaz de amar quando somos obrigados a fazê-lo é algo espantoso.
(...) Precisamente por isto: por um nome ou diagnóstico (síndrome de Down), flatus vovis, por um preconceito que nos condiciona, paralisa, bloqueia, cega brutalmente, entorpecendo e recordando os verdadeiros sentimentos.

No livro que minha amiga me deu de presente, havia uma dedicatória: "Que você seja muito feliz, Julieta".
p.12

O que eu mais gostei é que essa mãe conseguiu transmitir boa parte da realidade do que é lidar com um filho deficiente. Acho que o mais interessante é quando ela nos atira na cara que ela não acha que Julieta é um presente de Deus por ter nascido com deficiência. O quanto ela detesta que as pessoas digam que ela será carinhosa. Ela deixa claro que ela queria mesmo é que sua filha fosse normal e saudável, porque ter Síndrome de Down implica em diversos problemas de saúde.

Parece horrível?

Eu achei que não. Eu me senti perto do coração de Cristina lendo o livro. O que ela nos mostra é que ama muito Julieta, mesmo com as situações que a vida colocou diante dela.
Que se ela aceitar que Julieta não é diferente dos demais, estará sendo injusta mesmo com Julieta. Porque ela é e deve ser respeitada como a pessoa que é.

Em particular, também tenho essa dúvida constante na minha cabeça. É complicado lidar com nossos sentimentos e ignorância nessas situações.
Não deve existir pena (embora ela nos invada por dentro), tampouco uma indiferença que o trate sem limitações (porque elas estão ali), nem menosprezo por suas falhas.
Difícil, não? Imagina ser mãe e estar o tempo todo tendo que lidar com essas angústias pelo filho e por si mesma? Afinal, tudo que um pai/uma mãe quer é ter seu filho saudável e feliz.

Calma que o livro não é uma angústia constante. É que estão ali as coisas feias do dia a dia. Aqueles pensamentos que poluem a mente e que a maioria tenta esconder. Há também as coisas gozadas. Porque Julieta adora tirar um sarro com as pessoas. Apronta muito com sua irmãzinha Inés.

Às vezes, a felicidade é uma cosquinha.
p.62

No mais, é isso. Um livro leve para todos, com um tema que pode não interessar todo mundo. Ainda sim eu indicaria com gosto, para que você também possa entrar no terreno de Julieta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Minima Color Base por Layous Ceu Azul & Blogger Team