3.2.14

[5x52] Frustrar-se e dizer não


 Essa semana foi difícil vir escrever sobre esse assunto.

Acontece que para essa semana eu havia me preparado com outro tema, mas eu não consegui concluir. E se eu não realizei a experiência, não posso falar sobre ela. E me frustro.
A frustração não vem apenas de não cumprir o previsto, de não realizar a ação em si. A frustração vem de mim mesma, de uma culpa íntima e estúpida que não deveria estar aqui dentro de mim.
A história é que eu venho com o passar dos anos me policiando na “arte de dizer não”. É uma arte muito complicada para aqueles que, como eu, são aficionados em arranjar tarefas a cumprir. A gente quer fazer tudo. Se não quer fazer tudo, ao menos quer resolver tudo. Quer vestir a roupa de super-herói e brigar com o tempo.
Você reconhece essas pessoas facilmente, pelo jeito abatido e cansado, pelo discurso que oscila entre reclamão e otimista, pelas broncas sobre organização. E é claro, elas nem sempre fazem tudo bem, mas incrivelmente conseguem admiradores que acreditam que elas são capazes de fazer tudo (ou muito).
Não se engane! E se você é uma dessas pessoas, pare de enganar a si mesmo.
Eu sei, porque sou uma dessas.

Mas há tempos eu decidi mudar isso para “eu era uma dessas”. Só que perco o controle de vez em quando, ainda.

Semana passada, nas correrias da vida, precisava marcar com o grupo um ensaio para a filmagem de uma coreografia. Não somos profissionais da dança, então precisamos encontrar um caminho no cotidiano, em nossa vida de mulher-filha-mãe-companheira-trabalhadora-estudante, e um lugar para nos encontrarmos. Nem sempre o momento é o mesmo para todas. E o momento não foi para mim pelo destino.
Era um dia em que eu havia dito que não podia. Mas, quando vi o e-mail pela manhã devo ter visto reluzir o uniforme de super-heroína dobrado ao lado das calcinhas. Só pode. E eu decidi que aquele era o dia para uma emoção e usar o uniforme novamente.
Pode ter sido que o destino decidiu testar minhas convicções e ficou rindo da minha cara no final da noite, ou talvez eu tenha estado fora de forma para meus superpoderes. A fatalidade é que eu fiz tudo que estava ao meu alcance para estar por míseros minutos naquele ensaio, e que eu não contei com minha própria falta de astúcia. Eu decidi que poderia suar meus superpoderes de força e empurrar a porta de vidro trancada. Acontece que minha força não foi suficiente para abri-la, mas suficiente para não me permitir frear e não me chocar de cara nela.

Ai!

E o que aconteceu, Lili?
Eu ao consegui ensaiar direito, porque meu rosto latejava e fiquei enjoada. Eu me atrapalhei com os compromissos. Tive que desistir de cumprir minha experiência da semana. Passei e estou passando os dias com um lindo corte no nariz, dor e roxos. Estou com dor na alma, e brava comigo mesma. Brava comigo mesma por uma culpa que não é minha (e também é). Brava comigo pela fatalidade, quando eu deveria estar brava por não ter vestido o uniforme e ter aceitado que eu não poderia ir.
Que você não deve exigir mais do que pode, que dizer não é importante, que é preciso escolher quando as opções são simultâneas.
E aqui estou, hoje escrevendo sobre frustrar-me na tentativa de reforçar em mim mesma a necessidade e importância de também dizer não. Porque dizer não significa colocar limites. E nem todos os limites são ruins.

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