14.2.14

[Resenha] Pandemônio - Lauren Oliver






Título: Pandemônio
Título original: Pandemonium
Autor(a): Lauren Oliver (site usa e site br)
País: Estados Unidos
Ano publicação original: 2012
Editora: Intrínseca
Páginas: 304






(4/5)

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Depois da leitura de Delírio, eu estava ansiosa para pegar na prateleira a continuação Pandemônio. E foi bom aguardar um mês para esfriar o ânimo, porque Pandemônio seguiu por uma linha diferente da que eu esperava.

A resenha abaixo contém alguns spoilers caso você ainda não tenha lido Delírio. Eu procuro não falar de pontos chaves, ainda assim a premissa do livro parte desses pontos do livro antecessor.

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Breve sinopse

Dividida entre o passado — Alex, a luta pela sobrevivência na Selva — e o presente, no qual crescem as sementes de uma violenta revolução, Lena Haloway terá que lutar contra um sistema cada vez mais repressor sem, porém, se transformar em um zumbi: modo como os Inválidos se referem aos curados. Não importa o quanto o governo tema as emoções, as faíscas da revolta pouco a pouco incendeiam a sociedade, vindas de todos os lugares… inclusive de dentro.
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(...) Gotas, gotas: somos todos pingos, gotas idênticas de pessoas, flutuando, esperando cair, esperando que alguém nos mostre o caminho, nos derrame em uma direção.
p. 51

Lena sobrevive e acorda ligeiramente longe da Shhh, mas também longe de todos que ela ama. Livre para amar, mas com a dor do amor.

Pandemônio diferente do seu antecessor tem uma disposição de capítulos diferentes. As introduções dos capítulos com trechos que nos remetiam as regras, histórias e cultura da civilização sem amor e que eu tanto gostei, já não estão mais presentes.
Agora os capítulos são alternados em “antes” e “depois”. Até chegarmos ao “agora”.
Na alternância de capítulos acompanhamos a Lena que passou a viver na Selva, que precisou renascer e encontrar forças. Essa é a Lena de antes, aquela que ainda possui uma história. E há a Lena do depois, aquela que se tornou um soldado da causa. A que aprendeu a se fechar.

Embora passado e presente (depois) sejam contado alternadamente, não há uma quebra na leitura, porque a autora conseguiu entrelaçar os eventos criando uma continuidade, uma complementariedade.  E a maior parte do livro se dedica a nos mostrar uma Lena que buscou a sobrevivência. Ela agora é uma lutadora, ela é forte por fora. Ela está aprendendo a ser dura por dentro.
É por essa razão que se tornou diferente do que eu esperava (não que isso signifique que eu não gostei). A protagonista foge para não ser privada de amar. Porém no decorrer das páginas vemos alguém se tornando uma militante que busca se condicionar a não amar e a esquecer seu passado, e esquecer seu passado significa abandonar o amor que sente por ele.


(...) - Existe um lugar para tudo e para todos, sabem. É esse o erro que eles cometem lá em cima. Acham que só existe lugar para algumas pessoas. Que só certos tipos de pessoa pertencem a algum lugar. Que o restante é lixo. Mas mesmo o lixo precisa ter seu lugar. Senão entulha, acumula apodrece.
p. 222

Lauren Oliver também vai por um caminho esperado, criando um triângulo amoroso, mesmo que uma das partes não esteja exatamente presente na disputa. Mesmo que seja necessária no decorrer do livro essa abertura do coração da Lena, eu não curti muito. Fiquei com a sensação de que foi precoce, talvez pela própria alternância dos capítulos que me deixava muito próxima ao passado.

Eu gostei dos novos personagens. Achei que com eles a autora conseguiu demonstrar bem a força dessa resistência (que eu repito, resistir a cura em muitos momentos se torna também resistir ao amor). Só que também senti muita falta dos personagens antigos. Essa mudança na vida da Lena mudou a minha vida enquanto leitora. A dor que ela sentia pela distância deles, também era sentida por mim.

(...) Mas a questão é: quando estou correndo, sempre tem aquela fração de segundo em que a dor me rasga por dentro, mal consigo respirar e só vejo cor e borrões. E, nessa fração de segundo, bem no ápice da dor, vejo alguma coisa à minha esquerda, uma fagulha de cor - cabelos castanhos, queimando, uma coroa de folhas -, e sei naquele momento que, se eu virar a cabeça, ele estará lá, rindo me observando, de braços abertos.
Jamais viro a cabeça, claro. Mas um dia vou olhar. Um dia vou olhar, ele vai estar de volta e tudo vai ficar bem.
E, até que isso aconteça, eu corro.
p. 65

Mesmo que eu discorde do caminho trilhado no livro, eu compreendo a necessidade de fazê-lo para chegar ao clímax final, à conclusão que eu leitora estabeleci nos primeiros capítulos. Assim, eu continuo curtindo a distopia que propõe a cura ao amor. E estou sedenta pela continuação.


O ódio é isso. Alimenta você e ao mesmo tempo o faz apodrecer.
p. 138

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