7.4.14

[14x52] Il Caffè Sospeso


Algo que eu tinha desejo de fazer ao longo desse ano era aderir ao sistema que paga uma refeição/café/etc para a próxima pessoa.
Acho um gesto tão simpático. Havia decidido que faria isso na semana passada e com o atraso da minha leitura de Desculpa se eu te chamo de amor tive oportunidade de descobrir que a prática surgiu lá em Nápoles. E Niki adere no livro ao ouvir a história de Alessandro.

Para quem desconhece o "sospeso" era o café (ou qualquer outra coisa) que alguém paga sem consumir, para ser dado a próxima pessoa que fizer o pedido. É um presente que você dá sem saber se vai ser dado, para alguém que você não sabe quem é.
Niki discute com Alessandro a questão da confiança no estabelecimento.

O mais bonito para mim é justamente isso, uma confiança. A confiança na boa ação.

Muitas vezes nos eximimos de tomar um posicionamento ou realizar uma ação nos justificando nos outros. "Ahh... não vou fazer isso porque ciclano faz aquilo lá.", "Eu ajo assim porque no fim o governo faz assado mesmo".
Ou seja, a ação está feita pela ação. Você paga o sospeso porque quer e com a intenção de dar. Você pratica a crença nas pessoas e dá responsabilidades a elas. É muito bonito.

Quando eu me propus a fazê-lo, a atendente custou a entender o que eu pretendia. Eu fui embora ainda sob o olhar dela e a cara de "essa moça é completamente sem noção". Mas e daí?

Para fechar, falando sobre a confiança e a boa vontade em tempos que a gente custa a acreditar, quero compartilhar o relato de uma conhecida com o qual me deparei no fim da semana. Apenas retirei os nomes citados para preservar as identidades.

"Há 4 meses atrás fui roubada num trem noturno entre Veneza e Munique, a caminho do Brasil. Apesar das horas que passei no consulado sem comer, fui despachada com um passaporte provisório apenas no dia seguinte. Um mês depois disso a embaixada brasileira me avisa que minha bolsa foi encontrada, mas que eles não poderiam envia-la por questões legais. Escrevi uma msg no Face perguntando se alguém estava por lá e\ou se poderia me ajudar. Resultado, uma série de pessoas ofereceram ajuda...mas o que aconteceu foi inusitado. Meu amigo SB. escreveu para um amigo dele e que hoje é meu amigo tbm, SBP., que mora em Berlin. Ele por sua vez escreveu para um outro amigo que estava indo para Munique pedindo se ele poderia pegar a bolsa na embaixada. Depois de uma série de procedimentos para que a embaixada liberasse a bolsa, finalmente ela foi entregue a alguém que eu não sei nem o nome. Esta pessoa levou a bolsa em mãos ao  SBP. que não conheço pessoalmente e nem ele nunca me viu. Devido ao alto custo de envio de objetos,  SBP. delicadamente arrumou um outro amigo que trabalha nos correios (que eu tbm não faço ideia de quem seja) e que despachou os documentos para o Brasil. Isso tudo aconteceu no prazo de 10 dias e eu não tive custo nenhum em todo o processo: entre encontrar a bolsa e despachar os documentos. Finalmente hoje recebi o recado de minha mãe dizendo que os documentos chegaram....a bolsa ainda está com o  SBP. que um dia vai me entregar em mãos para que assim eu possa pagar umas cervejas pra ele e darmos boas risadas do fato depois do abraço de agradecimento. Moral da história: CONFIA!!! Tem muita gente de bom coração neste mundo. Muito agradecida o movimento geral, SB.,  SBP. e todos os amigos envolvidos, o meu enorme carinho, agradecida demais!!!!"


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