3.3.15

[Resenha] Pequena abelha -







Título: Pequena abelha
Título original:  Little bee / The other hand
Autor(a):  Cleave Chris (site)
País: Inglaterra
Ano publicação original: 2009
Editora: Intrínseca
Páginas: 272




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(4/5)

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Esse é um daqueles livros que comprei pela capa. Foi na Bienal de 2013, não paguei barato nele, eu simplesmente fui com a cara. Sabia que eu precisava conhecer essa tal Pequena abelha. O assunto eu descobri só abrindo as páginas e me surpreendi.

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Breve sinopse

Dois anos depois de se conhecerem, Abelhinha invade novamente as vidas de Andrew e Sarah. Da Nigéria a Inglaterra, essa menina está buscando uma vida enquanto que parece sempre estar colocando Sarah dainte de decisões difíceis.

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O que é uma aventura? Depende de onde você sai. Menininhas em seu país se escondem no espaço entre a máquina de lavar roupa e a geladeira e fazem de conta que estão na selva, com cobras verdes e macacos ao redor. Minha irmã e eu costumávamos nos esconder num espaço na selva, com cobras verdes e macacos ao redor, e fingir que tínhamos uma geladeira e uma máquina de lavar.


p. 238

Narrado em primeira pessoa, ora do ponto de vista de Abelhinha, ora de Sarah, seguimos pela história de vida dessas duas mulheres que possuem um único encontro em comum, mas que modifica suas vidas.
Abelhinha está no Centro de Detenção de Imigrantes Black Hill, Inglaterra, aguardando a possibilidade de deixar para trás a sua história na Nigéria, história que vamos conhecendo aos poucos no linguajar da Africana que aprendeu a falar como a Rainha, sem perder as suas raízes.

Se você não entendeu muito bem, irá entender nas primeiras páginas, porque Abelhinha lhe explicará do mesmo modo que ela faria com as meninas da sua aldeia.

Sarah está se recuperando de uma vida sem Andrew, tentando lidar com o dia-a-dia, seus desejos, os cuidados com seu filho Charlie. E eis que ela deve tomar novas decisões quando surge na sua porta Abelhinha, de um dia inesquecível para sua porta.

(...) peço-lhe neste instante que faça o favor de concordar comigo que uma cicatriz nunca é feia. Isto é o que aqueles que produzem as cicatrizes querem que pensemos. Mas você e eu temos de fazer um acordo e desafiá-los. Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: ‘Eu sobrevivi’
p. 17

Concordo com o autor que não podemos falar muito sobre o enredo, ou estragamos o que é essencial na obra. O quanto nossas atitudes podem mudar o rumo das coisas.

No decorrer das páginas migramos entre presente e passado, buscando compreender a relação dessas duas mulheres e suas histórias de vida.

Sarah, a jornalista idealista e idealizada. Abelhinha, a menina africana fugindo "dos homens".

O que chama atenção é o modo como os personagens conversam com o leitor, em especial Abelhinha que discorre como numa conversa. Ela nos chama, explica, persuade a pensar sobre muitas coisas. Como ela explicaria a vida para suas amigas, como sua irmã veria, o que acontece com a ganância do Petrólego na Nigéria.

Está ali, diante do alcance dos seus dedos. Um texto profundo, que espero que chacoalhe você. Que leve a pensamentos desestabilizadores ao fim da leitura.
Que se você não souber o que fazer, ao menos tenha alguma resolução dentro de si.

Chá tem o mesmo gosto da minha terra: é amargo e quente, forte e carregado de lembranças. Tem gosto de saudade. Tem o gosto da distância entre onde você está e de onde você veio. E também desaparece – o gosto desaparece na língua enquanto os lábios ainda estão quentes da xícara. Desaparece, como as plantações se estendendo para dentro da bruma. Ouvi dizer que em seu país se toma mais chá do que em qualquer outro. Imagino como isso deve deixar vocês tristes – iguais a crianças que anseiam pelas mães ausentes. Sinto muito.

p. 136

Esse é um daqueles livros que você faz um pedido às pessoas para que o leiam. Não precisam gostar. Só que deveriam passar pela experiência para sentir essa infinidade de sentimentos e descobrir mais do mundo.

Não se pode enxergar além do dia porque vocês levaram o amanhã. E porque vocês têm o amanhã diante do seus olhos, não enxergam o que está sendo feito hoje.
p. 188

Para fechar, quero dizer que gosto mais do título original The other hand, embora ele seja mais indicativo. E para quem quiser, descobri o livro aqui.


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